sábado, 24 de dezembro de 2011

Os Samurais


Samurai
O termo samurai corresponde à elite guerreira do Japão feudal. A palavra samurai vem do verbo Saburai, que significa "aquele que serve ao senhor". A classe dos samurais, dominou a história do Japão por cerca de 700 anos, de 1185 à 1867. E ao longo desse período, os samurais exerceram diferentes funções em determinadas épocas, passando de duelistas à soldados de infantaria da corte imperial, equipados inclusive com armas de fogo.
No início, os samurais realizavam atividades minoritárias tais como, as funções de cobradores de impostos e servidores da corte imperial. Com o passar do tempo, o termo samurai foi sancionado e os primeiros registros, datam do século X, situando-os ainda como guardiões da corte imperial, em Kyoto e como membros de milícias particulares a soldo dos senhores provinciais. Nessa época, qualquer cidadão poderia tornar-se um samurai. Este cidadão por sua vez, teria que se engajar nas artes militares para então, por fim, ser contratado por um senhor feudal ou daimyo, mas enquanto isso não acontecia, esses samurais, eram chamados de ronin.
Na Era Tokugawa (1603), quando os samurais passaram a constituir a mais alta classe social (bushi), não era mais possível à um cidadão comum, tornar-se samurai, pois o título "bushi", começou a ser passado de geração em geração. Só um filho de samurai poderia tornar-se samurai e este tinha direito a um sobrenome. Desde o surgimento dos samurais, só estes tinham direito a um sobrenome, mas com a ascensão dos samurais como uma elite guerreira sob os auspícios da corte imperial, todos os cidadãos passaram a ter um sobrenome.
A partir desta época, a posição do samurai consolidou-se como um grupo seleto da sociedade. As armas e armaduras que usavam eram símbolos de distinção e a manifestação de ser um samurai. Porém para armar um samurai era necessário mais que uma espada e uma armadura. Parte de seu equipamento, era psicológico e moral; eram regidos por um código de honra muito precioso, o bushido (caminho do guerreiro), no qual a honra, lealdade e coragem eram os princípios básicos. A espada era considerada a alma do samurai. Todo bushi (nome da classe dos samurais), portava duas espadas presas ao Obi (faixa que segura o quimono), o katana (espada longa - de 60 a 90 cm) e wakisashi (de 30 a 60 cm), essas espadas eram o símbolo-distintivo do samurai.
Os samurais não tinham medo da morte, que era uma conseqüência normal e matar fazia parte de suas obrigações. Porém, deveriam morrer com honra defendendo seu senhor, ou defendendo a própria reputação e o nome de seus ancestrais. Se viessem a falhar ou cometessem um ato de desonra para si próprio, manchando o nome de seu senhor ou familiares, o samurai era ensinado a cometer o Harakiri ou Seppuku, ritual de suicídio através do corte do ventre.
Tokugawa Ieyasu
Se um samurai perdesse o seu Daymio (título dado ao senhor feudal, chefe de um distrito) por descuido ou negligência na hora de defende-lo, o samurai era instruído a praticar o harakiri. Entretanto, se a morte do Daymio não estivesse relacionada à ineficiência ou falta de caráter do samurai, este se tornava um ronin, ou seja, um samurai que não tinha um senhor feudal para servir, desempregado. Isto era um problema, pois não conseguindo ser contratado por outro senhor e não tendo quem provesse seu sustento, freqüentemente tinha que vender sua espada para poder sobreviver ou se entregar ao bandidismo.
Nos campos de batalha assim como em duelos, os combatentes enfrentavam-se como verdadeiros cavalheiros. Na batalha, um guerreiro costumava galopar até a linha de frente inimiga para anunciar sua ascendência, uma lista de feitos pessoais, bem como as façanhas do seu exército ou de sua facção. Depois de encerrada tais bravatas é que os guerreiros atacavam-se. O mesmo acontecia num duelo. Antes de entrar em combate, os samurais se apresentavam, reverenciavam seus antepassados e enumeravam seus feitos heróicos para depois entrarem em combate.
Fora do campo de batalha, o mesmo guerreiro que colhia cabeças como troféu de combate era também um fervoroso budista. Membro da mais alta classe, empenhava-se em atividades culturais, como arranjos florais (ikebana), poesia, além de assistir a peças de teatro nô, uma forma de teatro solene e estilizada para a elite e oficiar cerimônias do chá, alguns se dedicavam a atividades artísticas tais como a escultura e a pintura.
Em seus castelos, os daimyo, patrocinavam saraus com pintores, dramaturgos e intelectuais. Assistiam a espetáculos privados de teatro nô. Os generais samurais praticavam caligrafia, arranjos florais e tocavam uma espécie de alaúde. Mas de todas essas atividades, a que mais os envolviam era a cerimônia do chá. Por volta do século XIII, monges zen-budistas introduziram os rituais do chá no Japão. A cerimônia do chá é uma atividade espiritual e durante o raro momento de trégua da guerra, os samurais vinham às salas de chá pra relaxar e apreciar o momento.
O estilo de vida e a tradição militar dos samurais dominaram a cultura japonesa durante séculos, e permanecem vivos no Japão até os dias de hoje. Milhões de crianças em idade escolar ainda praticam as habilidades clássicas do guerreiro, entre elas a esgrima (kendo), arco-e-flecha (kyudo) e luta corporal desarmada (jiu-jitsu, aikido). Estas e outras artes marciais, fazem parte do currículo de educação física no Japão atual.
Hoje o espírito samurai continua vivo na sociedade. Através desse espírito, que o Japão é hoje uma das maiores potencias mundiais.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

MAKIWARA – 1º Parte (Sensei pinto)

MAKIWARA 


Construindo uma makiwara
Makiwara do Pinto
A fabricação e o treinamento com a makiwara vem sendo um assunto muito discutido nos fóruns de karate na net. Como o material para pesquisa é escasso,  decidi contribuir com o pouco que sei sobre o assunto.
Fazendo uma breve explicação sobre esse equipamento que acompanha o karate desde o início, a Makiwara é uma poste de madeira enterrada no chão ( em geral) com espessura de base entre 4 ~ 5 cm e 2 cm de espessura no topo, onde nessa região é enrolado uma corda (de sisal) que é usada para receber os golpes, daí vem o nome em japonês MAKI= 巻 WARA=藁,que literalmente significa palha (corda de sisal)  enrolada, serve ainda para  amortecer o impacto, juntamente com a flexibilidade da madeira.
O objetivo é desenvolver a potência das técnicas de chutes e  socos através da prática diária. É nesse aparelho que aprendemos a sincronizar a  contração e descontração muscular juntamente com a respiração e o uso do solo.
Esse tipo de treinamento é essencial para um karateka de nível médio ao avançado, mas não o recomendo para iniciantes, pois é necessário um conhecimento e domínio razoável do kihon.
Muita gente fala dos males que a prática com a makiwara proporciona e que isso contribuiu para o desaparecimento do equipamento nos dojo’s,  mas eu não acredito nisso.
Acredito que  a quantidade de crianças que “ invadiram” os nossos dojo’s foi a verdadeira causa, pois não é indicado o uso por crianças, e isso levou a um efeito dominó, pois os sensei’s que foram formados nessa fase de desaparecimento,  tiveram pouca ou nenhuma instrução sobre o uso correto.
Infelizmente, a humanidade prefere falar mal do que procurar a verdade, pois hoje em dia “usam os efeitos nocivos da prática errada” como desculpa para sua falta de conhecimento sobre os treinos  e com isso sofremos os efeitos colaterais da acomodação desses supostos sensei’s.
Para começar, vou mostrar a fabricação e montagem do equipamento, não é nenhum bicho de sete cabeças.

Ainda sobre o material, eu escolhi a madeira mais flexível que tinha a minha disposição. A maioria do pessoal que está pensando em construir fica na dúvida quanto ao tipo de madeira, outros que já possuem uma makiwara contam que é essencial uma madeira de qualidade, forte, dura ou coisas do tipo.
Bem, já fabriquei várias  durante esses mais de 10 anos que treino com esse aparelho e nunca me dei o trabalho de verificar o tipo de madeira, apenas fazia um pequeno teste ainda na loja , colocando-a  de pé e tentando envergá-la com as mãos enquanto escorava com o pé, assim dava pra ter uma idéia da flexibilidade.
Mas, na maioria das vezes, usava alguma madeira que encontrava nas sobras da reforma da casa dos meus pais.
Se por acaso o local que você irá “instalar” for a céu aberto, onde ficará exposta ao sol e a chuva, então sugiro que seja realmente uma madeira de qualidade, mas caso não, então porque não trabalhar com material reciclado? Assim talvez 2012 seja menos  sinistro (MEDO!).
projeto da makiwara
Frontal e lateral
Uma coisa importante  que deve ser levada em consideração é a espessura da base e do topo,  eu indico usar uma madeira com 4~5 cm de base, e que vá diminuindo até os 2 cm , assim a flexibilidade aumenta no topo mas mantém a ponta inferior forte, onde parte do impacto produzido irá se dissipar.  Isso pode ser feito, na maioria dos casos, na própria loja onde foi comprada a madeira, infelizmente aqui no Japão não consegui.
A altura também é fundamental, em geral é 1,50 cm , mas eu aconselho e medir a altura do seu peito (plexo solar). Uma makiwara muito alta pode fazer com que você eleve o nível dos seus quadris no momento do giro , assim como também muito baixa pode levá-lo a  socar em um nível muito baixo, perdendo a penetração do golpe. Veja bem, usar a força da gravidade para aumentar a potência do golpe é possível, mas dependendo do ângulo você poderá ter o efeito contrário.
Quanto a largura, indico 10 cm. Deixo claro que essas medidas são as que tenho usado nas makiwara que treinei, usando a experiência como base, mas segundo  Funakoshi sensei no seu livro Karate-Do Nyumon, as medidas são outras.
Makiwara no apartamento
Makiwara no apartamento
A forma de fixá-la é sempre o maior problema, ainda mais quem mora em apartamentos. No meu caso, além de morar no quinto andar ainda tem o problema das construções japonesas que são sempre em madeira, apenas as paredes principais são feitas de tijolos ou concreto, mas não é possível colocar  parafusos por conta da estrutura feita para suportar terremotos ( ou pior, a falta dela), então tive que mais uma vez fazer uma “engenhoca” como mostrei no vídeo.
Talvez  a forma que fixei não sirva para vocês, mas me comprometo a ajudar  a encontrar o melhor modo  para cada caso, é só entrar em contato comigo e me dar uma idéia de como é o espaço que vocês pretendem colocar.
Existe um outro modelo para usar na porta (sala, cozinha,quarto, etc) que ainda está sendo estudado, talvez eu publique em uma outra ocasião.
Procurando na internet, podemos encontrar vários outros modelos para diversos casos, alguns um tanto  limitados se tratando de variações de treinos,  mas que podem servi de base para algumas idéias . Encontrei esse vídeo muito interessante de um karateka que também mora aqui no Japão e sofre do mesmo problema que  o meu, a falta de espaço. Mas ele mostrando o seu lado “Macgyver”, desenvolveu um modelo que além de ser forte também é de fácil uso, podendo ser levado  para qualquer cômodo da casa ou até mesmo fora, o interessante é que existe tal makiwara nessa forma a venda nos site japoneses de equipamentos, pelo singelo valor de 510 doláres , QUE FACADA!!
Ainda falando em “número$”, todo o material da que construi custou cerca de mil yens ( cerca de 11 dólares), bem a baixo dos quase  50  mil yens doa SHUREIDO.    Melhor mesmo é você fabricar a sua e ter uma gostosa experiência.
Macgyver construindo a sua makiwara!!

Agora falando sobre a que preparei para mostrar a vocês.
Notem que a base está totalmente  fixa, mas posso retira-lá a hora que desejar com apenas a remoção de algumas porcas e parafusos, a idéia inicia era usar porcas do tipo borboleta para facilitar ainda mais , porém não seria possível apertar o parafuso tão forte quanto com o uso de ferramentas.
Mesmo totalmente presa por parafusos , a madeira ainda tem vibração considerável para proporcionar tensão necessária e não causar problemas futuros ao seu corpo.
Entre  a minha viga de madeira e a base da makiwara, coloquei uma borracha de pouco mais de 0.5 cm, como forma de isolante sonoro, na esperança de diminuir o barulho e evitar vizinhos na porta.
Tomei o cuidado para não  deixar a parte maior do parafuso  de frente para o lado que vamos usar para bater, pois isso pode causar acidentes sérios, nos avanços  em oitsuki você pode esbarrar com o pé.
almofada-makiwara-tokaido
Presente para o leitor
E finalizando,  a almofada para socar.  Confesso que já usei  a famosa corda mas não indico, no treino diário  a palha vai com certeza provocar ferimentos, que  ao contrário do que os  masoquistas de plantão pregam, calos e cortes não são   sinais de treino forte, mas sim de cabeça oca.
Calos e ferimentos nas mãos vão te incapacitar de  continuar a rotina, jogando todo o trabalho  por água a baixo. Tenham em mente que o calejamento da makiwara é a última coisa importante, na verdade seria um efeito decorrente, e tal calejamento não se limita apenas aos nós dos dedos e sim  o interno, como rádio, ulna, úmero e  tendões que com o passar do tempo tornam-se mais espessos e resistentes.
Você pode estar fazendo o mesmo
Você pode estar fazendo o mesmo
Os benditos calos e ferimentos só servem para  mostrar aos amigos que você é o cara que gosta de  autoflagelar suas mãos em um pedaço de madeira  mas sem nenhum bem aparente ( em muitos casos eles estão certos pensar assim).
Há algum tempo atrás comprei almofadas para makiwara da marca TOKAIDO, são resistentes e aparentemente não causam ferimentos.  Como sobraram 3 destas almofadas então decidi presentear os 3 primeiros leitores que tiverem interesse e que comentarem no post de hoje. Os vencedores serão decididos pela hora dos comentários, para quem já está cadastrado no blog o comentário é postado automaticamente, mas  para quem vai comentar pela primeira vez, só é postado depois da minha verificação, então  só depois da autorizar os primeiros posts é que poderei saber os ganhadores.
Infelizmente não deu para falar sobre treinamentos, já que isso tornaria o post gigantesco  e cansativo de ler,  mas os próximos serão sobre formas  de como usar e riscos que podem acontecer caso não tomem os cuidados necessários, mas nada que a devida orientação e o bom senso não resolvam.



Mas antes eu quero deixar algumas observações sobre os cuidados a serem tomados. É normal que as falanges dos dedos  criem algumas bolhas  ou cheguem a sangrar nas primeiras séries de treinos, pois você não está acostumado , a região  que está usando para bater  não  está habituada. Isso não é nada fora do comum pois  acontece o mesmo quando usamos um sapato novo ou quando estamos nas primeiras aulas de violão, são os famosos “ossos do ofício”.
Apenas fiquem atentos caso o inchaço seja exagerado, as dores passem de  um leve incomodo para dores constantes,  sinta dificuldades para mover os dedos, assim como dores nas articulações dos braços e ombros, pois isso quer dizer que VOCÊ EXAGEROU !!  Pare o treino imediatamente e procure um médico e fale para ele que eu avisei,  foi você quem não escutou.

Proteja as mãos com esparadrapos
Proteja a mão com esparadrapos
Os cortes e sagramentos  provenientes das bolhas são  comuns, mas devem ser cuidados  e enquanto não cicatrizam  pratique outra técnica como  mawashi empi (cotovelada), shuto uchi (mão em espada),  tetsuitte ( mão de martelo)  e se possível o nukite ( hehehe, eu to brincando não tente!).    Proteger as falalanges com esparadrapo é uma boa dica para não cortar  os dedos, com a vantagem de não atrapalhar o treinamento.   Todas essas técnicas devem ter os mesmos cuidados, sem exageros e ao sinal de algo estranho, pare o treinamento e procure um médico.
E para exemplificar, vou postar aqui um vídeo ensinando a COMO NÃO TREINAR COM UMA MAKIWARA DE CONCRETO!!
Mas vamos voltar para o mundo dos mortais. O choku tsuki é um excelente golpe surpresa (falando em defesa pessoal), pois pouca gente espera levar  uma “bela de uma porrada mais parecida com uma marretada” vindo de uma posição aparentemente despreparada (shizentai), sem nenhum kamae físico; Ou uma  base com um centro de gravidade alto mas nem por isso fraca ( HEIKO DACHI), ótima para ser usada  em lugares estreitos ou  em multidões. Na minha humilde opinião, um karateka de nível intermediário ou maior deve dominar bem essa técnica e a makiwara é uma excelente forma para isso.
Nos vídeos eu explico melhor, mas ficaram de fora algumas coisas importantes que  por conta do horário tive que deixar para a próxima postagem. A qualidade não ficou boa por conta do espaço que sobrou aqui em casa , mas foi feito de coração, hehehe.  Uma coisa que devo  mencionar é a minha respiração nos videos, na maioria das vezes ela está sendo feita de forma errada, ainda não  entrei no ritmo normal desde o resfriado.
A expiração feita através das fossas nasais ( nariz), diminui  o tempo de contração do abdômen ( conhecido nas A.M por Hara Tande ), como também regula seu ritmo respiratório e com isso deixa seu corpo bem mais forte.
Lembrando mais uma vez que o treinamento  com makiwara não é para calejar mãos, isso é uma coisa decorrente da prática, mas o objetivo real é desenvolver a potência dos golpes. No início do movimento seu corpo deve estar relaxado para poder adquirir velocidade  máxima, ainda no momento do impacto os músculos que não estão envolvidos no movimento  deverão continuar relaxados ( pescoço,ombros, etc), até o instante em que a energia gerada pela impulsão , explosão e aceleração, deve ser confirmada com a contração total do seu corpo, assim podemos expelir ao máximo a reação que o aparelho vai causar por conta da sua ação.    Essa contração deve ser máxima e no menor tempo possível, mas  logo após confirmar o golpe, volte para o estado relaxado mas em prontidão  ( zanshi).
Nos próximos post eu vou explicar  como fazer usando a base zenkutsu dachi.


Minha pretenção era  postar um quarto vídeo, mas  como disse, o horário não permitiu como também achei que seria melhor abordar isso no próximo post.  No início do segundo vídeo dei uma breve explicação que na terceira parte vamos nos aprofundar mais.